Em 2020, assisti o filme "Frida". Recentemente vi que ele vai ficar indisponível e quis logo ver novamente. Desde adolescente, Frida sempre despertou em mim, uma curiosidade, mesmo quando ainda não conhecia a fundo a história dela.
O filme é muito rico, traz pinturas dela, a cultura do México muito forte e até algumas montagens interessantes ao longo do filme, vale muito a pena reparar cada detalhe.
Na primeira vez que vi o filme, vi com um olhar romantizado, mas hoje tive o olhar mais real diante da história dela.
Pra começar o filme é baseado no livro "Frida-A Biografia" da Hayden Herrera e como também já li o livro, digo que sim o filme reproduziu fielmente o livro.
Frida desde pequena sempre foi uma alma livre, autônoma. Ousada, audaciosa, imponente, marcando sua presença, porém tudo mudou quando ela sofreu o acidente de bonde, a partir daí ela nunca mais foi a mesma. Esse acidente transformou a vida dela pra sempre. Marcas no corpo, mas principalmente marcas na alma. Apesar de toda dor, Frida manteve-se firme e lutava para não deixar se abater, não queria ser um fardo, até porque ela sempre gostou da liberdade. Não se fez de vítima, enfrentou seus problemas e passou por cima deles até sua morte.
Conheceu Diego Rivera muito jovem e por ser diferente, se apaixonou por aquela figura também diferente e exótica.
Apesar de não concordar com a postura de Frida de ter se envolvido com Rivera com ele ainda casado, Frida se transformou também conhecendo Rivera e nunca mais foi a mesma. Diego mexeu profundamente com seus sentimentos, com as suas emoções. Era amor, mas era caos. Curava, mas doía. Alegrava, mas também entristecia. Uma dualidade desconcertante.
Frida, apesar de demonstrar força e empoderamento, no fundo, sofria profundamente pelas traições do marido, ela pensava que com ela poderia ser diferente, mas não era, e ela sofria cada vez que percebia isso. A mais dóida e sentida foi a traição do marido com sua irmã Cristina, ali o golpe foi fundo, dos dois lados que eram seus alicerces. E Frida para amenizar sua dor, se aproximava das amantes do marido e as vezes até se envolvia com elas ( algo que ao meu ver era sofrido e acabava que ela se igualava ao que detestava). Mas, diante de tudo, Frida sempre voltava com Rivera porque como disse após conhecer Rivera ela tornou se diferente, uma pessoa dependente de Rivera, do seu olhar, de seu amor, e porque não dizer dos vícios. A própria Frida se referia a Diego Rivera como o segundo grande acidente de sua vida, comparando-o ao acidente de bonde que sofreu. Ela descreveu o acidente de bonde e seu relacionamento com Rivera como os dois maiores acidentes de sua vida, e afirmou que Rivera foi o pior deles.
Frida enfrentou muita coisa que talvez muitos de nós não aguentaríamos: o acidente, a deficiência, dores constantes e permanentes, a falta de dinheiro, infidelidade do marido, a impossibilidade de nunca poder ter filhos, traição da irmã, mas mesmo assim ela usou tudo isso pra se expressar através de sua pintura, ela externava toda a sua dor, todo o seu grito, muitas vezes incontido nas atitudes, mas totalmente exposto na sua arte. A arte de Frida era sua vida toda, era o que ela sentia , era puramente seu coração. Aliás eu acho que se não fosse suas pinturas ela teria morrido ainda mais cedo.
Uma coisa é inegável, Frida viveu apesar dos pesares, com turbulência, caos, tempestade, mas viveu de forma intensa como só ela sabia ser, com o jeito Frida de ser.
* Se quiserem ver ele está disponível na Netflix, mas ficará no catálogo até 1° de setembro, logo ficará indisponível.
Amanda.