PARA FAZER UMA ALEGRIA RENDER
As alegrias terminam. Não tem como mantê-las para sempre. São tréguas, intervalos do nosso esforço de viver.
O que podemos fazer é render a felicidade ao máximo. Aumentar as suas porções. Estender o sol por mais um dia nas roupas e nos gestos.
Ver-se como um privilegiado, um abençoado, um sortudo. Jamais desconfiar de sua autenticidade.
O que não dá é para passar em branco com o contentamento. Guardar para si, fingir que não é importante, receber a dádiva com indiferença, achar que será um hábito, jurar que é fácil e farta, que logo o encantamento vai se repetir.
Temos que comemorar ao extremo quando algo bom acontece. Não se furtar de contar para quem importa. Oferecer abraços e beijos para celebrar o instante. Curtir a adrenalina sem moderação. Criar dancinhas para demonstrar o entusiasmo. Enlouquecer, socar o ar, cantar gritando uma música predileta.
Espalhe a gargalhada. Quanto maior o número de testemunhas, mais demorará para apagar a centelha dentro de si.
Que não sofra de reservas, de pudores, de timidez. Que assinale a data alterando a rotina, preparando um almoço diferente, convidando a família a jantar, inventando um passeio.
Mas, principalmente, dedicando o feito a alguém. De modo nenhum, engaiole o riso em egoísmo ou mastigue a glória de boca fechada.
Seja grato e reparta a autoria da vitória para todos os próximos, como uma torta de aniversário, com fatias cortadas do mesmo tamanho.
A homenagem é a memória de nossa alegria.
Fabrício Carpinejar
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