Hoje eu tô encontrando só texto maravilhoso... Daqueles encantadores, bem do jeito que eu gosto...
Venho costurando minha vida
com linhas de saudade.
Procuro equilibrar-lhes a cor para que o resultado final não seja triste.
Por vezes, é o cinza que insiste;
por vezes, impera o marrom.
Ainda bem que tem saudade bonita; mudo o tom, amarro fitas, busco a outra ponta do novelo; intercalo a trama em amarelo.
A saudade é assim mesmo, tecelã do tempo.
Quando menos se espera,
arremata o momento, leva embora, deixa a porta encostada, o cadarço de fora, e nunca avisa a hora de voltar.
Ainda hei de costurar com verde florescente e, se a saudade chegar autoritariamente, vai se sentir enfraquecida.
Enquanto procuro a cor, vou costurando a vida, sem saber qual vai ser o resultado.
Caso ele não fique combinado,
dou um nó, encosto agulha, guardo a linha, que essa culpa roxa não é minha.
É uma artimanha branca do passado.
Flora Figueiredo
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