quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

MARLA DE QUEIROZ

só então eu conheci a intimidade que vem com a verdadeira proximidade. Era um acordar e dormir, nem sempre juntos, mas absolutamente unidos. Era olhar de soslaio em silêncio e ser completamente compreendida. Não havia vácuos na comunicação: mesmo discordando, algo do que o Outro dissesse era estabelecido como a mais profunda verdade dele. E respeitado. E passivamente escutado. Depois, finalmente, a oportunidade de desfazer o mal entendido.
Não havia raiva, mas a necessidade... de solucionar o desconforto explícito. Tudo era suavemente exposto. Havia, antes de tudo, um olhar generoso para a individualidade alheia. E alegria por isto. Havia, antes de qualquer coisa, uma vida própria. E um movimento saudável ao encontro. O ajuste do tempo de cada um formava nossas eternidades. Não havia garantias, nem dúvidas.
E só então eu conheci a intimidade que vem com a verdadeira proximidade: quanto mais eu o acomodava aqui dentro, mais eu me aproximava de mim.
Juntos, fomos imensos.
 
Marla de Queiroz
 
 
 

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