sábado, 22 de junho de 2024

Fabíola Simões


Sou filha de um tempo simples, em que a conta de telefone custava caro, e a gente escrevia cartas enormes para os amigos nas férias. 
As fotografias eram reveladas depois que o filme de 36 poses acabava, e as músicas eram gravadas em fitas, que a gente presenteava quem amava. 
Tudo era mais difícil, mais demorado, mais suado... mas a gente era dono da própria situação. 
Se tinha que resolver um assunto, era olho no olho, cara a cara. 
Se queria dar um tempo, vestia um pijama e esquecia. 
Era preciso mais paciência com as demoras, mas havia uma liberdade, uma possibilidade de não ser encontrado, uma alegria no anonimato e um respeito pela própria ordem interna que recompensavam todo o resto!…

Fabíola Simões

*Postagem da página Um vento na ilha. 

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