Quando vi tuas cicatrizes e senti cada uma delas como se estivessem em mim. Quando te vi sonolento, com uma xícara de café nas mãos, cansado e desejando sábado. Quando te vi chegar inconformado e até triste depois de um dia não tão legal no trabalho. E te vi adormecer no meio de uma frase porque o sono acabou vencendo. Quando te vi lutar tão determinado acreditando em cada sonho. Quando ouvi teus sonhos, dos mais clichês até os mais ambiciosos. E vi teu coração. Daqueles que carregam tanta nobreza. E vi a tua paciência. E vi teus medos, teus fracassos. Tua insônia. A preocupação. Inseguranças. E entendi que a porta estava aberta para mim, que a tua vida estava ali, para mim também. Gostamos de verdade quando mostramos o nosso caos. Gostamos de verdade quando enxergamos a complexidade do outro e mesmo assim ficamos. Você me fez acreditar. Você me fez assumir aquilo que eu tanto neguei para mim mesma tanto tempo. Eu acabei assumindo que quero sim um monte de clichês, mas que tenho medo de querer e não ter. E por medo vou negando. Mas a tua mão me deu confiança. E sim, poxa, sim. Sim. Sabe? Sim. Pra você é sim.
— Nina Benavídez
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