quarta-feira, 17 de março de 2021

Casulo por Rita Maidana


Casulo

Perdoa se agora as forças me faltam. Se hoje meu sol não brilhou. Se me custa abrir a janela para ver o desabrochar da flor.

Eu sei sou feita de luz, amo e vivo o bem. Mas às vezes as nuvens se fazem pesadas, quando dores me surpreendem batendo à porta e minha realidade não se recusa a abrir, enfrenta. Acolho o que a vida a mim entregou. E como lagarta me fecho em casulo para curar o que doeu.
Sou bem assim, essas também são as minhas verdades. Sou desse jeito e talvez esta seja minha feiura nua.

Teço a teia, me envolvo e me cubro de recolhimento buscando um sossego, sorvendo poções de fé e força interior.

A janela entreaberta revela o meu querer repousar. Entenda.
Respeite meu silêncio e minha quietude. Eles me são no momento, vitais. Refaço-me aos poucos, um pouco a cada dia. Suavemente, serenamente, sem pressa, no meu tempo.

Perdoa se agora te estranho com minhas ausências, mas meu dia se fez frio demais de repente, com uma tristeza inesperada, mas que é só minha e minha essência chamou-me para dentro de mim. Carente de pausa, buscando um tanto a mais de energia e paz.

Um pouco de colo que só eu posso me dar. Um apelo, um carinho, um refúgio que não me pude negar. Uma cumplicidade com o que eu sou, com o que eu quero e tenho aqui dentro de minha solidão tão necessária e importante agora.

Então serena teu coração, estou aqui. Volto logo.
Sou a mesma de ontem... Hoje calada, sim. Mas um alguém reconstruído e de alma nova amanhã. 

Com um pouco mais de coragem quem sabe...
Na mesma janela sei que volto refeita, feliz, mais forte.
De novo com o sol no olhar, novas cores, mais leveza e clareza. 

Livre, fora do casulo, para ver quem sabe, outra flor desabrochar... Por que só sei ser assim, sou feita do que acredito.
Preciso ser,  viver e sentir o que acredito.

E por que creio em recomeços te digo.
Logo isso tudo passa, o cinza das nuvens vai embora. Volta o azul a alegria e a harmonia aqui dentro.

Então retorno inteira, sim.
Novamente guerreira e de pé. Amanhã...

Rita Maidana

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