sábado, 19 de junho de 2021

Quando começa o amor? por Antônio Fabiano Júnior



"Quando começa o amor?
Quando a gente descobre o nome, quando olha no olho, escuta a voz, quando lê o que escreve, descobre o que pensa, quando fica sabendo que a cor azul é a sua preferida? Quando a gente sente o cheiro, quando beija pela primeira vez, beija pela segunda vez, pela décima, pela centésima, quando beija pela milésima vez?
Quando a gente ouve boa noite e quando a gente acorda com bom dia?
Quando a gente quer contar o dia, quer contar piada, quer ver a novela junto?
Quando vai ao cinema e não quer ver o filme ou quando a gente quer ver o filme e não
liga para a pipoca? Quando começa o amor?
Quando a gente sente falta, quando a gente se preocupa se está com blusa, quando a
gente briga que está comendo mal?
Quando a gente ensina oito mil vezes as regras de um português minimamente aceitável, quando a gente ouve a respiração baixinho do lado do nosso ouvido ou quando a gente lê alguma frase e imagina se está tudo bem?
Quando a gente briga sempre ou quando a gente não briga nunca?
Quando a gente tira ou quando a gente dá paz?
Quando começa o amor?
Quando a gente recebe uma carta de amor, quando a gente ouve palavras de amor, quando a gente lê demonstrações de amor, quando a gente manda indiretas de amor?
Quando a gente recebia cartas de amor antes de conhecer a gente já amava?
Quando a gente olha uma foto, lê um texto, fala no telefone o amor já começou?
E não há dúvidas que a gente ama. Porque é isso: a gente ama. Muito. E cada dia mais.
Porque a gente ama o amor, ama amar e ama sempre.
Mas como nasce, que horas exatamente ele aparece?
Ele chega rápido, vem devagar, aparece todo dia um pouquinho ou arromba a porta sem tocar a campainha?
Quando começa o amor?
Quando a gente fica sabendo que ele começa?
Quando a gente percebe que a gente o faz nascer no outro?
Quando a gente entende que ele é só nosso?
Quando a gente faz muitas perguntas ou quando acha apenas uma resposta?
- Quando, afinal?"

[Antonio Fabiano Júnior]


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