"Ninguém é o que parece. Na soma dos dias, cada um sabe das suas dores e aflições. Cada um sabe onde aperta o sapato, onde o coração dispara e dá um nó, onde a coisa emperra. Quem olha de fora e aprecia o seu sorriso, não sabe e nem precisa saber como você se estica e se desdobra dentro das suas dores mais profundas. Mas você se levanta de cada uma delas porque sabe que tudo é transitório e nós mesmos somos temporários, apenas galhos secos que a qualquer momento podem sofrer os danos da poda ou, levados para outras margens, embarcar numa viagem sem volta. O consolo é que, o sopro dos ventos, na maioria das vezes, nos fortalece. Enverga, mas não quebra. E quando quebra existe a possibilidade das colagens, construímos um belo vitral com os nossos próprios cacos, e isto é o recomeço, e basta essa chance para a esperança se manter viva. Basta isto para sonhar sem receios. Ninguém é o que parece porque não está pronto, finalizado. Não somos. Estamos".
Ester Chaves
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