Que as minhas inquietações e imediatismo não me impeçam de ver o dia com olhos vagarosos, e que o meu coração seja lugar de remanso e paz, ainda que a dor permaneça.
Que eu aprenda a achar graça nas horas que são pura doação, papel em branco, páginas onde posso contar de mim.
Que haja em minha boca um canto de amor, um tanto de poesia, palavras que curam, sorriso que clareia o caminho.
Que eu perdoe as minhas loucuras, os dias em que eu me abandonei e aprenda a perdoar os que me feriram, desfaça a minha bagagem e consiga seguir mais leve.
Que eu enxergue mais profundo as pessoas, pare para escutar, estenda a mão sem julgar e seja abrigo em dias nublados.
Que o meu ego não me impeça ver as minhas imperfeições, as minhas limitações, e que o meu orgulho não silencie o meu pedido de socorro.
Que eu desacelere o passo pra ver a ciranda das crianças, as mudanças da estação, as estrelas que brotam no céu.
Que eu relembre vida afora os meus momentos mais bonitos, o dia em que a chuva caiu, os desenhos na areia, o quintal cheio de flor, e que isso me traga de volta toda vez que eu me perder de mim.
E, se um dia eu não mais enxergar, que eu ainda possa sentir...
Eunice Ramos
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