domingo, 24 de setembro de 2023

Eunice Ramos

Nem sempre encontro palavras para descrever o que sinto. Há coisas que eu não consigo dizer.
Sou errante do tempo, aprendiz nessa estrada que eu não trilho só. 
Às vezes sou maré cheia, um braço de rio, um rio inteiro, um mar de ilusões.
Às vezes sou puro deserto, solo rachado, a miragem, sol do meio dia. 
Houve um tempo em que eu pensei ser capaz de "ganhar" o mundo, "voar" alto, até o infinito mais profundo que existe em mim.
E eu me julgava capaz romper todas as barreiras, ultrapassar todas as fronteiras, ir até aonde os meus sonhos pudessem me levar.
Mas a vida foi, aos poucos, me moldando, me abrindo uma janela para as minhas frustrações, minhas limitações, minhas impossibilidades. Foi me mostrando que eu não preciso nem consigo "ganhar" o mundo, já que existe um mundo inteiro dentro de mim. E, tudo bem não ser perfeita, não saber andar de bicicleta e ter mais jeito com as palavras do que com a dança.
Tudo bem ser meio atrapalhada, meio desajeitada e gostar de coisas simples.
Existe um mundo inteiro dentro de mim, mas não posso todas as coisas. E é maravilhoso ser assim. 

Eunice Ramos 

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