segunda-feira, 26 de julho de 2021

Avós


Quando a minha avó olhava para mim, nos seus olhos subiam ondas de ternura que vinham dar à costa do meu peito. Ainda hoje vejo esse olhar umedecido, esse olhar líquido em que só o amor mais sólido se transforma. A minha avó tinha voz de sossego e pele de veludo, e nas suas mãos cabia tudo. Nos seus dedos deformados vi sempre a perfeição da forma como me acarinhava e nunca vi, nunca, mãos mais belas.

___Elisabete Bárbara


Nenhum comentário:

Postar um comentário